Quem é Tilly Norwood? “Atriz” de IA provoca reações em Hollywood
Personagem gerada por inteligência artificial gera críticas de atores sobre o uso da tecnologia
A chegada de Tilly Norwood em Hollywood tem gerado controvérsias no setor artístico por causa da sua origem: ela é a primeira “atriz” totalmente gerada por inteligência artificial (IA). A personagem foi desenvolvida pelo estúdio Xicoia, uma subdivisão da empresa britânica Particle6 que possui o foco em produções audiovisuais criada a partir da IA. A novidade foi apresentada oficialmente ao público no Festival de Cinema de Zurique em setembro (2025) por Eline van der Velden, produtora e atriz holandesa que lidera projeto.
Van der Velden também é fundadora da Particle6 e afirma que o objetivo é criar estrelas digitais hiper-realistas. O lançamento da atriz de IA reacendeu um debate intenso em Hollywood sobre o futuro da atuação e o uso da IA na indústria.
Conheça a atriz de IA Tilly Norwood
A atriz gerada por inteligência artificial, Tilly Norwood, é retratada como uma atriz aspirante de Londres. A personagem já conta com uma presença digital ativa, como o seu perfil no Instagram com mais de 50 mil seguidores. Ela fez sua estreia na atuação em um curta-metragem de comédia chamado “AI Commissioner”, totalmente produzido por inteligência artificial pela Particle6 e que explora o impacto da tecnologia.
A atriz virtual também teria uma personalidade própria especialmente projetada para interagir e se adaptar aos mais diferentes públicos. “Queremos que Tilly seja a próxima Scarlett Johansson ou Natalie Portman, esse é o objetivo do que estamos fazendo”, disse Eline van der Velden ao veículo de notícias Broadcast International. De acordo com van der Velden, agentes de talentos já estão interessados em representar a personagem.
Reações de Hollywood à Tilly Norwood
A estreia de Tilly Norwood provocou uma forte reação da comunidade artística de Hollywood após levantar preocupações éticas e profissionais. Diversas celebridades, como Emily Blunt (de “Um lugar silencioso” e “Oppenheimer”), Mara Wilson (de “Matilda”) e Melissa Barrera (de “Panico”), manifestaram-se contra a iniciativa. As críticas variaram desde o medo da substituição de atores humanos até a indignação pelo uso da imagem de pessoas reais sem consentimento ou remuneração para treinar a IA.
O Sindicato dos Atores de Cinema dos Estados Unidos (SAG-AFTRA) também comentou a situação e enfatizou que “’Tilly Norwood’ não é uma atriz, é uma personagem gerada por um programa de computador que foi treinada com base no trabalho de inúmeros artistas profissionais”. A organização ressalta que a personagem pode comprometer a subsistência dos artistas e desvalorizar a arte humana. No fim do seu comunicado oficial, o sindicato ainda lembra que “os produtores signatários devem estar cientes de que não podem utilizar artistas sintéticos sem cumprirem nossas obrigações contratuais que exigem notificação e negociação sempre que um artista sintético for usado”.
Em resposta às críticas, Eline van der Velden se pronunciou em uma postagem na conta do Instagram de Tilly. “Ela não é uma substituta para um ser humano, mas uma obra criativa — uma obra de arte. Como muitas formas de arte antes dela, ela desperta conversas e isso por si só demonstra o poder da criatividade”, escreveu van der Velden. Segundo a criadora, a inteligência artificial é uma ferramenta criativa comparável à animação ou ao CGI e não uma substituição de atores reais.
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